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Bets já comprometem compras em supermercados e aluguel

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Publicado em 10 de setembro de 2024

A bola da vez nas conversas entre varejistas é a popularização das chamadas bets, as plataformas de apostas online, principalmente em eventos esportivos. E faz sentido.

Se a economia exibe alguns indicadores sob controle, como emprego, inflação e inadimplência, por que, diferentemente do que já se viu no país, algumas redes não sentem efeito em vendas?

Uma pesquisa online com pouco mais de 2,3 mil pessoas realizada de 23 a 29 de agosto pela Varejo 360, por meio de seu aplicativo, dá pistas nada favoráveis aos varejistas.

48% dos entrevistados declararam que já fizeram apostas em plataformas online, como Betano ou a Betnacional.

35% dos apostadores declararam que as apostas afetaram os gastos não essenciais, como a aquisição de roupas, calçados, eletrodomésticos e idas a restaurantes e espaços de lazer.

27% informaram que as apostas atingiram os gastos essenciais, como compras em supermercados e pagamento de aluguel, condomínio, contas de água, energia e telefone.

A pesquisa, que abrangeu 719 cidades do país, também identificou que há divergências em relação aos impactos nos gastos na percepção de apostadores e de seus familiares.

A pergunta feita na pesquisa foi a seguinte: Você acha que as bets e/ou os jogos de azar online já causaram impactos nos gastos essenciais?

Enquanto que para 27% dos apostadores a resposta foi sim, no caso de seus familiares (que residem no mesmo domicílio), a resposta foi afirmativa para 52% deles.

Quanto aos gastos não essenciais, as respostas seguiram a mesma lógica. A declaração foi sim para 35% dos apostadores e para 58% dos familiares.

“Essas respostas revelam que o apostador tem dificuldade de admitir que está perdendo dinheiro com apostas, que já podem ter virado vício”, diz Fernando Faro, COO da Varejo 360.

A consulta identificou ainda que 38% dos apostadores online declararam que mais perderam do que ganharam, 27% informaram que não ganharam nem perderam, 26% que mais ganharam do que perderam e 10% preferiram não responder.

GASTOS

Os gastos com apostas, de acordo com a pesquisa, em sua maioria (69% dos entrevistados), vão até R$ 50 mensais. Outros 18% declararam que gastam entre R$ 50 e R$ 100 por mês.

Valores acima de R$ 400 foram mencionados por 5% do universo de apostadores da pesquisa.  

“A partir das repostas, avaliamos que os gastos mensais no país superam R$ 1,4 bilhão, podendo chegar facilmente em mais de R$ 3 bilhões”, diz Faro.

Nos cálculos da Varejo 360, uma empresa de inteligência e pesquisa de mercado, dá para estimar que os gastos com bets podem variar de R$ 16,8 bilhões a R$ 38,4 bilhões por ano.

Esses números consideram principalmente que, da população economicamente ativa, 9% são apostadores regulares e 21%, eventuais.

Essa estimativa, diz ele, parece ser razoável, considerando os gastos com apostas nas loterias da Caixa, que somaram R$ 23,4 bilhões no ano passado.

Recente relatório divulgado pelo banco Itaú estima gasto líquido com apostas em R$ 24 bilhões por ano no Brasil e receita anual variando entre R$ 8 bilhões e R$ 20 bilhões.

O gasto com marketing também está avaliado na casa de bilhões de reais, entre R$ 5,8 bilhões e R$ 8,8 bilhões, de acordo com o banco Itaú.

“Há de se considerar que uma parte relevante dos ganhos com apostas esportivas e jogos de azar online vai novamente para apostas, o que dificulta a apuração do impacto líquido preciso.”

É provável, de acordo com ele, que o volume de apostas nas loterias e também no Jogo do Bicho tenha sido afetado por conta das bets.

Isso porque 24% dos apostadores que também apostavam em loterias e ou Jogo do Bicho informaram que reduziram as apostas nessas duas modalidades.

No caso das loterias da Caixa, esta redução não é positiva, de acordo com Faro, já que 47% dos valores arrecadados são repassados para programas sociais.

“Embora seja uma contravenção, milhares de pessoas sustentam os seus lares no Brasil também com a informalidade do Jogo do Bicho.”

A pesquisa também identificou que 20% dos apostadores de bets e 24% dos de jogos de azar online não realizam apostas nas loterias da Caixa.

“Isso é uma forte evidência de que essas novas modalidades avançam sobre uma parcela da população que não estava habituada a apostar”, afirma.

Como não existem dados históricos e públicos, diz ele, ainda não é possível dizer se está ocorrendo um aumento de apostadores eventuais e regulares.

“Mas, observado os investimentos de publicidade das casas de apostas, é muito provável que isso já esteja ocorrendo”, afirma.

20% dos entrevistados que nunca apostaram ou apostaram uma só vez por curiosidade declararam que têm um familiar no mesmo domicílio que aposta com frequência e 42% deste universo avaliaram que este hábito do familiar já pode ser considerado um vício.

PRESSÃO

Diante deste cenário, entidades do varejo estão se mobilizando para pressionar o governo a adotar normas severas para apostas esportivas online, na tentativa de evitar um impacto maior no consumo e na economia.

Algumas das sugestões já feitas são limitações no uso de cartão de crédito e na liberação de empréstimos consignados atrelados ao pagamento de dívidas com jogos.

José Eduardo Carvalho, diretor da rede de supermercados Violeta, com 10 lojas, diz que os números bilionários estimados de gastos com apostas online assustam qualquer varejista.

“Todo o dinheiro que sai de um lugar e vai para outro, alguém perde receita. Existe uma preocupação grande do varejo com o crescimento do mercado de apostas”, afirma.

Carvalho diz que já vivenciou com próprios funcionários o reflexo do vício nas apostas.

“Um funcionário foi demitido porque já estava devendo até para agiota, que vinha cobrá-lo na porta da loja”, diz.

Outro empregado da rede pediu demissão para pegar o dinheiro e apostar. “No começo todo mundo ganha, depois que a pessoa vicia, começam as perdas”, diz.

A pesquisa da Varejo 360 identificou que 86% dos que apostam em jogos online declararam que já ganharam alguma vez.

Para Faro, seguramente, essa é uma das principais causas das apostas se transformarem em um vício.

O próprio apostador, porém, praticamente não associa as apostas como um vício e, sim, como diversão.

Neste tópico, a pergunta da pesquisa foi a seguinte: quais dessas palavras refletem mais adequadamente a sua necessidade de realizar apostas online?

Diversão foi a mais citada, com 47%. Outras palavras foram: esperança (44%), ambição (21%), emoção (19%), vício (13%), alegria (11%), euforia (10%) e desespero (9%).

“Essas palavras escolhidas por parte dos apostadores refletem que já existem alguns sinais de reconhecimento de que as apostas podem estar saindo do seu próprio controle”, diz Faro.

Outro ponto que demonstra um sentimento do impacto do vício: 37% dos apostadores de bets e 39% dos de jogos de azar online disseram ser favoráveis à proibição.

“Com base na pesquisa, podemos afirmar que o Brasil vive uma epidemia deste tipo de aposta e que as consequências para o país, para a sociedade e para a economia, infelizmente, além de incertas, não são otimistas sobre qualquer ângulo que este problema seja analisado”, diz Faro.

A pesquisa também revelou que a sociedade está dividia entre proibir (47%) e permitir (53%) as apostas no país.

REGRAS

No final de 2023, a Lei 14.790, que regulamenta o mercado de apostas esportivas e jogos online no país, estabeleceu uma taxa de 12% sobre o faturamento das bets.

As empresas podem ficar com 88% do faturamento bruto para o custeio da atividade.

Dos 12%, 2% serão destinados à Contribuição para a Seguridade Social e 10%, divididos entre as áreas de educação, saúde, turismo, segurança pública e esporte.

Cerca de 100 empresas, que terão de pagar R$ 30 milhões à União para funcionar por três anos, já estão cadastradas para explorar este mercado.

Em maio, a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, criada no início deste ano, publicou uma portaria para que as plataformas de apostas online possam atuar no país. As regras valem a partir de janeiro de 2025.

Fonte: Diário do Comércio

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